Amazon e Mercado Livre miram o setor farmacêutico

A corrida pela digitalização da saúde acaba de ganhar dois competidores de peso.

De um lado, a Amazon, que instalará quiosques eletrônicos de medicamentos dentro das clínicas One Medical em Los Angeles a partir de dezembro de 2025.

Do outro, o Mercado Livre, que deu o primeiro passo nesse setor com a compra da rede Cuidamos Farma, em São Paulo. A partir dessa aquisição, a companhia passou a se movimentar para expandir a atuação no segmento, por meio de discussões regulatórias sobre a venda de medicamentos em modelo marketplace (3P) e parcerias com redes regionais.

O que parece apenas uma expansão de portfólio revela uma disputa mais profunda: quem dominará o ponto de contato entre prescrição e consumo.

 

amazon pharmacy

 

Amazon Pharmacy: a estratégia por trás da conveniência

A Amazon saiu na frente com a compra da startup PillPack em 2018 e, dois anos depois, com a criação da Amazon Pharmacy. Mas, segundo análise do Financial Times, a companhia busca ir além da entrega, quer integrar todo o ciclo do cuidado.

Com os quiosques, a Amazon elimina o deslocamento entre diagnóstico e compra, reduz custos de última milha e transforma dados clínicos e de consumo em insumos estratégicos para o seu sistema de saúde digital. Segundo a Reuters, esses quiosques disponibilizarão medicamentos de uso comum, como antibióticos, remédios para pressão e inaladores, mas não incluirão produtos refrigerados nem substâncias controladas neste primeiro momento.

A iniciativa marca o primeiro serviço presencial da Amazon Pharmacy, ampliando um negócio até então restrito ao delivery e consolidando sua integração entre e-commerce e saúde, um modelo que aproxima a experiência médica do ecossistema digital da empresa.

O Mercado Livre e o desafio da regulação

Enquanto isso, o Mercado Livre segue um caminho diferente, mas igualmente ambicioso.

De acordo com o Seu Dinheiro (2025), a companhia não pretende criar uma rede própria de farmácias, mas ser a plataforma que conecta todas elas.

O plano envolve expandir o marketplace de saúde e beleza, com foco em farmácias regionais e redes locais, oferecendo tanto medicamentos OTC (isentos de prescrição) quanto produtos de bem-estar. Mais do que vender remédios, o Mercado Livre quer se consolidar como hub logístico e digital do varejo farmacêutico, permitindo que farmácias usem sua infraestrutura de fulfillment e visibilidade nacional.

Contudo, a legislação brasileira, conforme reforçado por especialistas do setor e pela Abrafarma, ainda proíbe a venda de medicamentos com prescrição em marketplaces, o que limita o avanço do modelo 3P. Por isso, o Meli busca diálogo com autoridades, incluindo a Anvisa, e avalia a transição futura para o modelo 1P, em que teria controle direto sobre estoque e distribuição.

A lógica é clara: enquanto alguns varejistas ainda discutem abrir lojas físicas, o Mercado Livre aposta em abrir possibilidades digitais. Menos tijolo, mais ecossistema.

O impacto para o setor farmacêutico

Esses movimentos colocam o setor diante de uma nova fronteira. O modelo tradicional, centrado em lojas físicas e capilaridade territorial, passa a competir com estruturas orientadas por dados, eficiência logística e personalização.

O diferencial competitivo estará na integração entre canais, dados e compliance. Enquanto as plataformas digitais dominam a inteligência operacional, as redes farmacêuticas tradicionais ainda preservam o ativo mais valioso: a confiança do consumidor.

Segundo o Sindusfarma, o mercado farmacêutico brasileiro movimenta cerca de R$ 230 bilhões por ano, sendo 65% provenientes de vendas em lojas físicas, um sinal de que a digitalização ainda está em estágio inicial, mas com enorme potencial de expansão.

A tendência, portanto, é de modelos híbridos, em que tecnologia e regulação caminham juntas, abrindo espaço para parcerias entre plataformas digitais e grupos farmacêuticos estabelecidos.

O cenário global

De acordo com relatório da Arizton Advisory & Intelligence (2024), o mercado global de farmácias online deve atingir US$ 286 bilhões até 2029, impulsionado por conveniência, prescrição eletrônica e aumento do custo hospitalar.

Nos Estados Unidos, gigantes como CVS Health e Walgreens Boots Alliance já combinam telemedicina, programas de assinatura e entregas automatizadas.

Na América Latina, segundo a Abrafarma, o ritmo é mais lento, mas a curva de digitalização tende a acelerar com a popularização de prescrições eletrônicas e integração logística entre redes e plataformas.

O Brasil vibra… mas há freios regulatórios

O mercado brasileiro acompanha esses movimentos com entusiasmo, mas a regulação continua sendo o principal ponto de inflexão.

Modelos híbridos, com prescrição digital certificada, controle de rastreabilidade e entrega supervisionada devem pavimentar o caminho nos próximos anos. Para as empresas, o desafio será equilibrar inovação e responsabilidade sanitária. Para o consumidor, a oportunidade é clara: uma jornada de saúde mais fluida, integrada e conveniente.

O farma se tornou o novo campo de disputa entre tecnologia, logística e confiança. Amazon e Mercado Livre mostram que, no futuro da saúde digital, quem compreender a jornada completa, do diagnóstico ao consumo, ditará o ritmo da transformação.

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Artigo por Ângelo Vicente, CEO da SELIA Intelligent Commerce
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