marketplaces mercado livre x shopee

Mercado Livre x Shopee: a guerra dos marketplaces na América Latina

A disputa pelo topo entre os marketplaces mais relevantes da América Latina está cada vez mais acirrada.

De um lado, o Mercado Livre, gigante nascida na Argentina, com mais de duas décadas de atuação, presença local consolidada e uma engrenagem operacional que vai do meio de pagamento à logística. De outro, a Shopee, braço do grupo asiático Sea, que desembarcou no Brasil em 2019 com uma estratégia agressiva de descontos, frete grátis e gamificação.

O embate entre os dois modelos reflete mais do que uma simples competição por usuários. Trata-se de uma guerra de ecossistemas, mentalidades e fôlego financeiro. A pergunta que paira sobre o setor é: quem vai vencer?

A batalha do frete: subsídio e margem em xeque

Um dos campos de maior disputa entre os marketplaces Shopee e Mercado Livre é o da logística e do frete. Segundo relatório da XP Investimentos (2024), cerca de 72% dos consumidores brasileiros consideram o frete grátis um fator decisivo na hora da compra.

O Mercado Livre, com sua rede logística própria que inclui mais de 600 mil metros quadrados em centros de distribuição e uma frota crescente de aviões e vans, oferece frete grátis em compras a partir de R$19, bancado pela própria empresa. Já a Shopee adota um modelo mais enxuto (asset-light), oferecendo frete grátis a partir de R$10, mas com repasse parcial do custo ao seller.

Essa diferença levanta a principal reflexão do momento: quem consegue manter a estratégia de queimar margens por mais tempo? A Shopee ainda opera no vermelho globalmente, no 1º trimestre de 2025, a Sea registrou prejuízo de US$ 123 milhões, segundo relatório da empresa. Já o Mercado Livre obteve lucro líquido de US$ 344 milhões no mesmo período, com alta de 71% na receita líquida no Brasil.

Dois modelos de negócio, duas visões de futuro

Enquanto o Mercado Livre atua como um ecossistema completo, com braços em logística (MELI Logística), serviços financeiros (Mercado Pago), crédito, publicidade e até seguros, a Shopee foca em crescimento via volume e baixo ticket médio, importando o modelo de e-commerce que fez sucesso no Sudeste Asiático.

Esse embate entre robustez e velocidade é central para entender o jogo. “O Mercado Livre investe em infraestrutura e construção de marca no longo prazo. Já a Shopee prioriza escala rápida, sustentada por altos investimentos e subsídios”, avalia Bruno Diniz, consultor de inovação e autor do livro O Futuro do Dinheiro.

O peso da cultura local

Outro ponto relevante na disputa é o entendimento do consumidor. O Mercado Livre, com mais de 85 milhões de usuários ativos na América Latina, aposta em uma operação profundamente adaptada às particularidades regionais. Já a Shopee traz uma lógica oriental baseada em vouchers, minigames e explosões de promoções.

Segundo dados da NielsenIQ (2024), consumidores latino-americanos valorizam conveniência, segurança e velocidade, atributos que favorecem a logística integrada do Mercado Livre. No entanto, a Shopee segue crescendo: em 2024, foi o aplicativo de compras mais baixado no Brasil, superando a marca de 100 milhões de downloads no país (Sensor Tower, 2025).

Números que revelam mais que tendências dos marketplaces

A disputa entre as duas plataformas também se revela nos indicadores financeiros e de mercado:

  • Mercado Livre:

    • Receita líquida em 1T25: US$ 4,3 bilhões (+36% YoY)

    • Lucro líquido: US$ 344 milhões (+71% no Brasil)

    • Crescimento do volume bruto de mercadorias (GMV): +37%

  • Shopee (Sea Group):

    • Receita global da divisão e-commerce em 1T25: US$ 2,3 bilhões (+29% YoY)

    • Prejuízo operacional: US$ 123 milhões

    • GMV na América Latina: estimado em R$ 45 bilhões em 2024

(Fonte: Mercado Livre Investor Relations; Sea Group Earnings Report; XP Investimentos)

E os sellers no meio disso tudo?

Para os lojistas e marcas, o dilema é claro: Shopee oferece maior alcance e CAC (Custo de Aquisição de Cliente) mais baixo, porém com margens apertadas. Já o Mercado Livre permite maior controle, visibilidade da marca e uma estrutura de serviços que facilita o crescimento sustentável, mas cobra mais caro por isso.

A Shopee pode ser interessante para gerar volume e giro rápido de estoque, especialmente para marcas em início de operação. Mas quem busca valor agregado, relacionamento e branding, geralmente migra para o Mercado Livre”, afirma Mariana Silva, diretora de e-commerce da consultoria eMarket.

Onde vender? Nos marketplaces Mercado Livre ou Shopee?

A dúvida é comum entre gestores de e-commerce e marcas que desejam ampliar seus canais de venda: qual marketplace faz mais sentido para o meu negócio? A verdade é que não existe uma resposta única, tudo depende do seu tipo de produto, da estrutura logística, do posicionamento da marca e, claro, da sua estratégia de crescimento.

Enquanto o Mercado Livre oferece um ecossistema completo, ideal para quem busca controle, confiança e operação de longo prazo, a Shopee pode ser uma porta de entrada poderosa para quem busca escala rápida, giro de estoque e acesso a públicos mais sensíveis a preço.

A seguir, reunimos um guia direto e estratégico para ajudar sua marca a tomar decisões inteligentes e vender com mais resultado em cada canal:

1. Entenda o perfil dos marketplaces

Antes de decidir onde vender, é essencial compreender o posicionamento estratégico de cada plataforma.

O Mercado Livre atua como um ecossistema completo. Ele oferece desde meios de pagamento e soluções de crédito até logística própria e publicidade interna. Seu foco está em consumidores que buscam confiança, entrega rápida e uma experiência sólida de compra, geralmente com ticket médio mais alto. Marcas que valorizam branding, controle sobre a operação e relacionamento de longo prazo com o cliente tendem a se beneficiar mais deste ambiente.

Já a Shopee aposta em um modelo de alto volume e baixo custo, com forte apelo promocional. A plataforma atrai principalmente consumidores mais sensíveis a preço, com foco em ofertas relâmpago, frete grátis e uma navegação gamificada. É uma boa escolha para produtos com alta rotatividade, preços competitivos e que se destacam por volume de vendas em vez de diferenciação.

Dica: Marcas premium ou com posicionamento estruturado se beneficiam mais do Mercado Livre. Já marcas que buscam giro rápido e alcance em massa podem encontrar na Shopee uma vitrine poderosa, desde que bem planejadas para lidar com margens mais apertadas.

2. Faça uma curadoria estratégica do catálogo

  • No Mercado Livre: destaque SKUs com bom valor percebido, ticket médio elevado e forte diferenciação.
  • Na Shopee: priorize produtos de giro rápido, preço competitivo e apelo visual imediato.

Dica: Utilize dados históricos de vendas e BI para definir a estratégia por canal.

3. Automatize processos e integre sua operação

  • Use uma plataforma com integração direta aos marketplaces.
  • Automatize pedidos, estoque, precificação e reputação.

4. Monitore os KPIs certos

  • GMV, ROI, CAC, taxa de conversão, reputação e cancelamentos são métricas vitais.
  • Entender esses dados permite otimizações em tempo real.

5. Invista em posicionamento e branding

  • Use as ferramentas de mídia dos marketplaces para se destacar.
  • Construa uma reputação sólida com avaliações, imagens de qualidade e SAC bem estruturado.

O veredito: quem lidera o futuro?

A disputa entre os dois gigantes ainda está longe de um desfecho definitivo. Mas o mercado dá pistas claras: a sustentabilidade da operação e a confiança do consumidor são ativos cada vez mais relevantes. Descontos e frete grátis seduzem, mas não necessariamente constroem fidelidade.

O Mercado Livre parece liderar em lucratividade, maturidade operacional e capacidade de investimento local. A Shopee, por outro lado, representa uma ameaça real por sua escalabilidade, apoio financeiro e popularidade entre consumidores sensíveis a preço.

Como bem resume um analista do BTG Pactual, em recente carta a investidores: “Essa não é uma guerra de preço, mas uma guerra de modelos. Vai vencer quem construir um ecossistema resiliente, eficiente e capaz de gerar valor para marcas e consumidores no longo prazo.”

Quer vender com inteligência nos maiores marketplaces do país?

Na Selia Fullcommerce, oferecemos uma solução completa para sua marca escalar nas maiores plataformas do Brasil — com integração robusta, gestão operacional, precificação inteligente, mídia patrocinada e logística integrada.

Quer vender mais e melhor? Fale com nossos especialistas e descubra como levar sua operação ao próximo nível com quem entende de marketplace.
📩 Entre em contato agora mesmo!

 

Artigo por Ângelo Vicente, CEO da SELIA Fullcommerce.
linkedin.com/in/angelo-vicente/

Selia
Privacy Overview

This website uses cookies so that we can provide you with the best user experience possible. Cookie information is stored in your browser and performs functions such as recognising you when you return to our website and helping our team to understand which sections of the website you find most interesting and useful.